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5 de fev. de 2013

[Y13P02] Fé cega, mente bitolada

Quando eu achava que já tinha escrito coisas que eu acharia que seriam "o artigo mais polêmico já escrito por Leandro Passos", eis que meus ouvidos sangram com alguns absurdos que não posso deixar quietos. 

Vamos lá, e já aviso que não vou puxar sardinha nem pra um lado ou outro porque levo imparcialidade ao pé da letra, coisa que muitos jornalistas não fazem!


Recentemente um certo pastor, conhecido por seus discursos explosivos e por vezes carregados de algum ressentimento, participou de um programa de entrevistas em um canal aberto popular. Eu ainda não assisti na íntegra, mas pelo pouco que vi ele tentou forçar uma postura que acha que todo mundo deveria adotar. Que somos gratos a Deus e adotamos na medida do possível os simples versos de Jesus Cristo - ame ao próximo como a você mesmo -, mesmo falhando, isso muitos de nós fazemos. Agora, não adianta forçar uma doutrina que nem todo mundo quer adotar - se fosse assim viraríamos uma nova Alemanha da II Guerra Mundial.

Engrossando o coro, sou mais um a falar pra todo mundo ler/ouvir que O BRASIL É PAÍS LAICO! E Estado Laico não tem que sofrer interferências de quaisquer organizações religiosas, sejam elas quais forem. Qual é o papel que algumas - escrevi AL-GU-MAS, não inverta o ônus, engraçadinho(a) - organizações ou quem pertence a alguma faz!? Dar suporte a quem quer abandonar as drogas, oferecer apoio a pessoas entregues à sorte... mas aí quando pessoas começam a achar que política e religião deveriam se misturar começam a perder a noção do perigo. Pra ser bem sincero, o único religioso que eu considero ter alguma relevância no campo político - e para o bem - é o Senador Magno Malta. E só. O resto quer bater de frente com a ala LGBT, que por sua vez quer fazer valer seus direitos como qualquer um de nós, mortais.

Olha, nem entro no mérito de me meter nessa eterna briga, porque não sou religioso nem GLS. Tenho gente de todas as religiões (católica, evangélica, budista, umbandista, espírita), LGBT e ateus nas minhas listas de redes sociais, bem como amigos que se encaixam nestes requisitos, e respeito a todos igualmente. Só acho que impor uma crença ou um estilo de vida é reviver épocas negras de ditaduras mundo afora. E escrevo isso por ter passado 6 anos da minha vida em igrejas entre 2002 e 2008 (e, diga-se de passagem, vi tanta gente que fazia tanta coisa errada...), só que é aquela história: em uma, qualquer religião que não fosse aquela onde estava era errada, em outra só ela "tinha a verdadeira salvação". E em todas tem as pessoas que seguem os princípios básicos e sabem ser humildes, bem como as que usam uma determinada igreja em proveito próprio, só pra obter vantagens. E, sinceramente, se não agrega nada na minha vida, não é a persuasão de fulano, beltrano ou ciclano que vai ditar minha rotina. E também não sou eu que dirá pra você dar "meia volta, volver" porque eu não agrado todo mundo.

"Mas, aaahhh, Leandro, se você não for à igreja você pode ir pro inferno, porque não vai ser salvo..."

Primeiro, quem me diz isso se esquece de que a gente recebe em dobro aquilo que a gente deseja (isso é uma Lei do Universo). E segundo, prefiro lançar mão do Perdão porque às vezes a pessoa pode não ter aquele discernimento concreto sobre Deus, e mesmo se tivesse poderia fazer mau uso dele.

Eu tenho dois pontos de vista sobre inferno: um, onde o mundo no qual eu, você, seu pai, sua tia, seu avô, seu periquito vivemos já é um inferno com tantos corações gelados e sem personalidade nas ruas - e parece até que eu já vivo o Apocalipse Zumbi, "se é que você me entende" (THUNDERBIRD, Luiz. 1990) -, e outro, que às vezes é mais citado do que o dito Paraíso. Nenhum de nós é aquele poeta que foi ao inferno e voltou, como diz uma música que ouço até hoje, pra provar que existe, se é que existe. Aliás, é tanta gente que fala ou ouve falar de inferno que me pergunto até se já passou por uma EQM pra se certificar de que existe. Prefiro mirar minhas crenças em quem nos dá o Amor. Amor esse que muitos infelizmente jogam fora como maço de cigarro na sarjeta. Se é Deus, Universo ou Buda, quem nos dá a oportunidade de Amar, não sei. Só sei que não compactuo do ódio de ninguém e ao mesmo tempo não considero santo quem vai a uma igreja e da porta pra fora começa a sacar do seu dicionário a palavra ódio, nem em quem quer forçar determinada situação para ser respeitado. Pelo jeito, ou todo mundo envolvido é vítima nesta guerra de filosofias de vida, ou se faz de vítima para ganhar simpatizantes.

"Vamos pedir piedade: 'Senhor, piedade pra essa gente careta e covarde!'"
(ARAÚJO NETO, Agenor de Miranda. 1988)

Beijos pra torcida! (GESSINGER, Humberto. 1986)

Leandro Passos
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