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9 de jan. de 2011

[Y11P02] - Quando nossos ouvidos não eram penico...

Alguém já teve aquela sensação de que, a cada ano vivido por nós, surgem novas modinhas à medida que teclamos o botão seek dos nossos sintonizadores de FM (ou aquele de girar no caso dos analógicos)?

Desnecessário dizer que estamos em 2011 e estamos vivendo a modinha dos coloridos e dos sertanejos universitários (eieiei, nada de falar mal dessas bandas coloridas e cantores sertanejos universitários, eles nem têm culpa no cartório). Em cada um dos anos anteriores a este veio uma moda. E moda, como bem já sabemos, é passageira (mas às vezes causa um estrago daqueles nos adolescentes).

Cada uma das épocas vividas por mim teve, a título de amostra, um gênero que pipocou muito nas FM's do Oiapoque ao Arroio Chuí. Época da Italo Disco (até versão em português de Vamos A La Playa foi massificada), época do Sertanejo (tipo Chitaoziinho E Xororó), época do pop rock de meados dos anos 80 (fortemente influenciada pela Italo Disco, pelo menos na minha opinião, discordem quando e se quiserem), época do Pagode, época do Tchan, época do Morango, época do... época do... bem, cada ano é uma época. O que me intriga é essa necessidade/vontade de os executivos de gravadoras encherem o rabo de dinheiro para promoverem "músicos" que parecem que foram extraídos de sei-lá-onde e dizer: "quero que vocês gravem um disco, mas tem que ser do nosso jeito". Aí esses jovens ganham um banho de loja, compram aquelas revisitinhas tipo "Aprenda A Tocar Cavaquinho Em 5 Horas" e pensam que são músicos. E claro que serão, mas estudar música não custa nada, né? Mas não: alguns músicos trabalham como se fosse em um escritório de vendas, têm que atingir uma determinada meta pra sua carreira não derreter. Posso estar errado, mas é o que penso.

Aí o que se sucede é um dial infinitamente cheio de canções apelativas, sem conteúdo nem nexo, mas que é considerado sucesso, porque as rádios também ganham com isso para sobreviver (jabá). Admiito: não curto sertanejo universitário, não curto bandas coloridas, não curto pagode, não curto trance... porque não encontro conteúdo algum! A minha infância pode não ter sido grande coisa, do ponto de visita afetivo, mas foi rica em conteúdo musical. RPM era modinha para a época, mas os membros já exibiam profissionalismo musical, daí a vendagem astronôimica de Rádio Pirata Ao Vivo. E só não foram muito longe porque a musicalidade do grupo batia de frente com os interesses dos executivos musicais, mesmo o Quatro Coiotes vendendo o equivalente à certificação Disco de Platina hoje. E, pior que a proliferação de hits vazios, é a meninada se arranhando pra assistir a algum show desses "artistas", tatuando o nome dos membros em locais excusos e prot(agonizando) quebra-paus na internet que preocupam e preocupam os pais desses kids. E se alguém falar mal dessas bandas, será crucificado (xingado muito) no twiitter, porque os fãs são intolerantes. 

Ah, como sinto falta da época que ouvia (e só ouço por conta da minha coleção infinita de canções no meu PC) canções de qualidade. Ainda hoje ouço muito The Police, Djavan, The Killers... tudo gente que dá valor ao que faz em estúdio e ao vivo. Daqui do Brasil, um dos poucos músicos que aprendi a ouvir nos últimos 6 anos foi Jay Vaquer. É um dos pouquíssimos músicos que sabem bem o valor de cada composição e seguem mesmo sem o respaldo de uma grande gravadora (questão de princípios). Tenho que admitir que sou mesmo um dinossauro quanto ao meu gosto musical, mas conteúdo é tudo, oras! Não quero ouvir tal banda ou tal cantor(a) porque toca massivamente nas FM's ou porque alguiém quer que eu ouça. Se eu não gostar, não gosto e pronto! Só não vou magoar a quem ouve porque não tem o menor cabimento - respeito também é bom!

Enquanto isso, vou ouvindo o que gosto: Big Country, Peter Gabriel, Phil Collins, Michael Jackson, Toto, Scandal, Sade, ABBA (sim, ouço ABBA)... como tenho mais de 6000 músicas, não dá pra colocar tudo que curto aqui...

Também aceito sugestões de gente bacana pra ouvir, hehe...

Beijão n'alma e até a próxima!
Leandro Passos