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7 de abr. de 2011

[Y11P15] - Somente uma palavra: BULLYING!

Bullying: todo e qualquer ato de violência física e/ou psicológica, doloso, e repetido por uma pessoa ou um grupo, para atingir um indivíduo ou um grupo que não esteja em condições de se defender.

Nunca antes na história de nossas vidas ouvimos tanto esta palavra em um gerúndio inglês, que significa "valentia", e faz com que a pessoa que pratica se sinta o(a) gostosão(gostosona) da vez, e quem sofre, a pior pessoa do mundo. 

Vou citar ao menos 2 casos de bullying que se tem notícia pelo mundo, o 3º no Brasil, e o 4º é surpresa.

Caso 01: Curtis Taylor, 21/03/1993.
- Tomar porrada, receber cada apelidinho, ter a camisa suja de um produto similar ao nosso Nescau, e  vindo de quem se acha superior, deixou o personagem acima com sequelas suficientes para que ele, infelizmente, cometesse suicídio no dia 21/03/1993. Um caso semelhante aconteceu com um jovem chamado Jeremy Wade Delle, dois anos antes, em 8/1/1991. Ele se suicidou na frente dos seus colegas porque se cansou de ser perseguido pelos mui amigos. Se você está lendo este post, e é fã de Pearl Jam, um grande hit deles leva o nome e a história deste jovem inconformado (Refrão: "Jeremy is falling...").

Caso 02: Os jovens de Columbine, 20/04/1999.
- Qualquer semelhança com casos a descrever no decorrer deste post não são mera coincidência...
Eric Harris e Dylan Keybold eram jovens arredios que preferiam computadores à convivência, já que eram ridicularizados pelos atletas do Instituto Columbine por serem integrantes de um grupo chamado Máfia da Capa Preta (nada a ver com o filme brasileiro "O Homem da Capa Preta" com o José Wilker, por favor!). Tudo que eles queriam, era negado por outros - a popularidade. Os danos psicológicos que podem ter sofrido, como descrito na Wikipedia podem ter contribuído para o planejamento sem suspeitas do mais famoso massacre em escola que se tem notícia no mundo. Saldo da tragédia: 13 mortos, 25 feridos (entre alunos, professores e o suicídio dos dois protagonistas.

Caso 03: O atirador de Realengo, RJ Capital, 07/04/2011.
- Sabem quando a gente pensa que o Brasil é um país abençoado por Deus e bonito por natureza? Basta que a gente estale os dedos e, pronto: o que acontece fora do Brasil chega anos depois dentro.
As histórias em torno de Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, ainda estão fresquinhas até o momento em que digito este texto, mas dizem que ele sofria de bullying, embora não esteja claro se realmente sofria. Embaixo temos a tal carta que digitou antes do caos:
Nem vou comentar nada de religião, isso nem é da minha conta...
Seguundo um vizinho - relato aqui no G1 - ele era zombado e fazia tatamento psicológico. Cansado, parece que a única saída que encontrou foi planejar o massacre naquela escola - onde também estudou.
Até onde sabemos, são 12 mortos - 10 meninas e 2 meninos, o 12º faleceu agora há pouco - e o suicídio de Wellington. O mais louco é que ele pegava as meninas pra atirar pra matar - leia no G1 o relato de como um jovem presenciou a escolha das vítimas pelo Wellington. Daí vêm autoridades querendo tirar casquinha, políticos querendo dar lição de moral e a falsidade de quem luta pelos direitos humanos pra gente tira a vida de gente que não teve chance de se defender. Lamentável...

E agora, a minha experiência com o bullying.
Havia uma época que, durante o Ensino Fundamental na Escola Estadual Cesário Bastos, aqui em Santos-SP, de tanto que eu me dedicava a estudos era alvo de tanta chacota por parte de alguns garotos que passavam a sensação de auto-estima nula e queriam repassar essa insegurança. Daí alguns apelidinhos nada graciosos - rolha, barril, Pato - e, durante a 8ª série, não fossem os colegas de turma que se formaram comigo em 1994, nem estaria vivo pra escrever nada disso: um jovem estava com uma tesoura daquelas dobráveis da época pra tentar me ferir pelas costas. Só fiquei sabendo no dia seguinte, sem saber ao certo o que acontecia, na sala da diretora Lenita, com o tal rapaz, e a turma. Me relataram o que quase aconteceu, e tinha a difícil decisão de absolver o rapaz ou selar a expulsão dele da escola. Como não sabia guardar mágoa na época, a única solução foi perdoar o rapaz, nem sabia pela cabeça dele o que acontecia. A decisão foi comemorada por todos, um alívio pra ele, pra minha turma na época (rola encontro com esse pessoal no futuro?), e pra mim, porque terminei o 1º grau em paz.
No Primo Ferreira (2º grau) a experiência foi um pouco mais traumatizante, a ponto de eu pensar em suicídio. Só nao o fiz porque não vale a pena. Mas como havia um choque de classes sociais - alguns moravam em morro, como eu na época, e outros moravam em condomínios de alto padrão, e cujos pais poderiam muito bem pagar uma escola particular - as piadinhas eram inevitáveis.
Mas, pra não me alongar por aqui, passei exatamente pela meeeeesssmíssima coisa na antiga CEFET-SP Campus Cubatão, perto de terminar o curso de Desenvolvimento de Sistemas Comerciais, e nos primeiros 3 semestres da Fatec, com apelidinhos de Geraldo, Gayraldo (obs.: sou hétero mesmo, se fosse gay, porque hesitam em provar?), e só terminou depois que troquei de turma e período. E essas pessoas se tocaram, porque precisei tomar esta atitude pra obter meu estágio. Ou seja: me considero até aqui um vencedor por ter sobrevivido a tanto bullying. E nem por isso precisei me matar, ou matar quem tanto zombou da minha pessoa. Quem sabe essas pessoas não estejam infelizes com a vida que levam...

Peço que, ao terminarem de ler, repassem este post pra quem vocês puderem. Porque há vida depois do bullying.

Beijão n'alma d'oceis e até o próximo post, preferencialmente otimista.
Leandro Passos